Reunião 26/04
Oi pessoal!
Próxima reunião marcada para nesta sexta-feira as 18:00 hrs na sala 102 do prédio da zoot.
Tema abordado: proposta para eventos direcionados ao publico acadêmico do CCA.
Abraços.
Mastite causada por Corynebacterium spp. é um problema?
Juliano Leonel Gonçalves* e Marcos Veiga dos Santos
A mastite é a doença que mais causa prejuízos na bovinocultura leiteira, pois afeta a produção e a qualidade do leite em rebanhos leiteiros, além de reduzir o rendimento industrial dos derivados lácteos. Patógenos secundários, em especial,Corynebacterium spp. e Staphylococcus coagulase-negativa (SCN) têm se tornado os agentes causadores de mastite mais predominante no Brasil e em diversos países.
Conhecendo Corynebacterium spp.
C. bovis é a espécie mais prevalente dentre as demais espécies do gêneroCorynebacterium spp. Um dos pontos de maior controvérsia quanto ao C. bovis é sobre o seu papel na dinâmica das infecções intramamárias (IIM). A partir da década de 70, foi levantada a hipótese de que o C. bovis poderia apresentar uma função protetora na glândula mamária contra outros agentes causadores de mastite. No entanto, a literatura científica sobre o assunto produziu resultados controversos. Alguns estudos iniciais baseados em infecção experimental indicaram que os quartos infectados comC. bovis apresentavam menores riscos de infecção causada por S. aureus. No entanto, não foi demonstrado o mesmo efeito protetor contra outros agentes, tais como S. uberis e S. agalactiae. Estudos posteriores demonstraram que havia efeito protetor em quartos infectados por C. bovis para os agentes principais da mastite (S. uberis, S. agalactiae e S. aureus). Tais resultados, no entanto, foram contestados por estudos que demonstraram que quartos infectados com C. bovis foram aproximadamente 8,5 vezes mais suscetíveis à infecção por Streptococcus agalactiae que quartos sadios. Os resultados sugeriram que quartos com IIM causada por C. bovis foram mais predispostos à infecção causada por estreptococos ambientais, S. aureus e S. agalactiae, o que confirma a controvérsia em torno do papel protetor deste agente na saúde da glândula mamária
Em geral, Corynebacterium spp. é considerado um patógeno secundário que infecta principalmente vacas durante a lactação, sem apresentar sinais clínicos e com aumentos moderados na CCS. Em geral, a mastite pode caracterizada por sinais clínicos leves e de pouca alteração na constituição físico-química do leite. Por outro lado, este agente já foi isolado em casos de mastite clínica persistente, e por isso, sendo responsável por alterações da CCS.
As pesquisas mais recentes sobre este tema objetivam quantificar os danos causados por este patógeno. Ou seja, uma infecção intramamária causada por Corynebacterium spp. é um problema? Este agente microbiano interfere na contagem de células somáticas (CCS), na produção e composição do leite?
Um estudo recente, realizado na FMVZ-USP, identificou por meio de técnicas de biologia molecular as principais cepas de Corynebacterium spp. envolvidas na mastite subclínica. Estes pesquisadores relacionaram os resultados da identificação de alta sensibilidade com um sistema que permitiu coletar todo o leite produzido individualmente por cada quarto mamário. A principal diferença deste sistema de coleta foi que as vacas foram ordenhadas individualmente por quarto mamário, o que possibilitou a comparação de quartos mamários contralaterais (de um mesmo animal, Figura 1) sadios e infectados por Corynebacterium spp. Este procedimento permitiu a avaliação do efeito da mastite causada por Corynebacterium spp. sobre o teor de gordura, proteína bruta, lactose, caseína, extrato seco total, extrato seco desengordurado do leite e contagem de células somáticas (CCS).
Figura 1 – Representação dos quartos mamários contralateriais
Neste estudo, foram selecionados quartos contralaterais (n=92, 46 pares) com IIM porCorynebacterium bovis. A CCS mensurada em células por mililitro apresentou diferença significativa (P=0,01), entre a CCS para os quartos infectados (194.000 céls/mL) e sadios (81.000 céls/mL). Apesar de diferença significativa, a média da CCS de quartos contralaterais infectados apresentou-se abaixo do limiar padrão para quartos considerados sadios (<200.000 céls/mL). Não houve efeito de Corynebacterium bovis sobre a produção de leite, gordura, proteína, caseína, lactose, sólidos totais e extrato seco desengordurado.
Além disso, foram identificadas cinco espécies de Corynebacterium, além de C. bovis, dentre os 46 pares de quartos contralaterais avaliados, os quais totalizaram 11 quartos (23,91%). Estas outras espécies apresentaram, isoladamente, CCS média de 254.000 céls/mL, e foram responsáveis por um aumento de 31% na média geral de CCS.
Controle e tratamento da mastite por Corynebacterium spp.
C. bovis coloniza o canal do teto de vacas leiteiras e tem sido usado como um indicador de higiene no momento da ordenha. Em fazendas onde a desinfecção dos tetos pós-ordenha não é prática de rotina, C. bovis pode ser isolado em mais que 60% dos quartos amostrados. Por isso, em rebanhos nos quais as medidas de controle de mastite contagiosa não foram corretamente aplicadas observou-se alta prevalência deCorynebacterium spp.
Durante a lactação não se recomenda o tratamento dos casos subclínicos causados por Corynebacterium spp. Em termos de controle para eliminação de infecções subclínicas causadas por C. bovis, além da desinfecção dos tetos após a ordenha, a terapia da vaca seca tem a mesma importância.
Desse modo, de acordo com recentes resultados de pesquisa, Corynebacterium bovisdeve ser considerado como um patógeno secundário, pois a média da CCS manteve-se dentro do limite normal para quartos mamários sadios. Além disso, a IIM causada por Corynebacterium spp. não alterou a produção e nem a composição do leite. Entretanto, os resultados sugeriram a necessidade de se avaliar as demais espécies de Corynebacterium, além de C. bovis, quanto ao efeito na CCS, produção e composição do leite, fato que não foi possível de se avaliar devido ao baixo percentual encontrado destas diferentes espécies.
Fonte: GONÇALVES, J. L. Produção e composição do leite de vacas com mastite causada por Corynebacterium spp. 2012. 128 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2012.
*Juliano Leonel Gonçalves é Médico Veterinário e estudante de doutorado em Nutrição e Produção Animal da FMVZ/USP.
Texto adaptado por: Massignani,C.
Brasil entra na era do boi transgênico
Luiz Sergio de Almeida Camargo, médico- veterinário e pesquisador da Embrapa Gado de Leite, de Coronel Pacheco (MG), é o responsável pelo experimento de transgenia com bovinos leiteiros. No mês passado, nasceu um bezerrinho cujo embrião foi modificado geneticamente, e os resultados dos exames laboratoriais estão sendo aguardados. Os testes definirão se o experimento foi bem sucedido, ou seja, se o animal é ou não transgênico. A transgenia, mesmo em fase experimental, foi incorporada à área da biotecnologia reprodutiva brasileira. Na Embrapa Gado de Leite já foram produzidos dois bezerros. Sendo o primeiro nascido em janeiro e submetido a exames para comprovar a transgenia. O laboratório enviou duas respostas: a primeira análise deu positiva, porém, a segunda foi negativa. “Vamos partir para o terceiro e definitivo teste”, diz Camargo.
Os estudos da transgenia dão um passo além da clonagem e podem ser divididos em duas vertentes, explica Camargo. “A maior parte das experiências objetiva a produção de proteínas recombinantes (célula com nova combinação genética, não herdada dos pais) que possam ser usadas no tratamento de doenças como diabetes e hemofilia. Um exemplo de proteína recombinante é a insulina.”
“Por meio da introdução de genes específicos, é possível criar uma vaca capaz de produzir insulina no leite. Depois de extraída, a proteína poderá ser usada no controle de diabetes”, explica o pesquisador. Além disso, a ciência nos propicia a produção de leite sem lactose para pessoas alérgicas.
A transgenia pode ser ainda utilizada para melhorar a saúde do gado, tornando-o mais resistente às enfermidades. Ou então, fazê-lo ganhar peso mais rapidamente, no caso de boi de corte. “Vamos fazer animais resistentes ao carrapato e à mastite, que infernizam as fazendas, reduzindo os custos de produção”, diz Camargo.
O emprego da biotecnologia, além de novos medicamentos, poderá trazer vantagens gastronômicas a partir da geração de animais com carne macia e saborosa. A tecnologia é largamente utilizada na agricultura brasileira, principalmente nas lavouras de milho, soja e algodão. “A transgenia cria um organismo genético em laboratório que pode possuir genes de outras espécies em seu genoma”, afirma Camargo. “A China criou ovelhas que produzem gordura boa para o coração. A Argentina desenvolveu uma vaca que dá leite similar ao do ser humano. A Nova Zelândia já conseguiu até clonar uma vaca transgênica no ano passado. O Brasil está chegando lá”, diz Camargo.
Camargo informa que os estudos com a transgenia na Embrapa foram iniciados há dez anos. No caso dos dois bezerrinhos que nasceram, os embriões tiveram o código genético alterado com a incorporação de um gene de uma espécie de água-viva. Após, os embriões foram transferidos do laboratório para um grupo de vacas da Embrapa.
“Modificamos o embrião e nele foi introduzido o que chamamos de ‘gene repórter’, cujo objetivo é levar o bezerro a expressar uma proteína fluorescente após ter nascido”, explica. Ele relata que o gene introduzido permite ao bezerro produzir bioluminescência de tom esverdeado, que poderá ser detectado no escuro utilizando um filtro de luz especial.
Ainda segundo ele, há dois experimentos sendo utilizados para produzir o embrião transgênico. Um é a FIV (fertilização in vitro), cujo objetivo é melhorar as taxas de nascimento de animais transgênicos, que são mais baixas quando se usa a outra tecnologia, a da clonagem.
Quem também defende a ferramenta biotecnológica da transgenia e informa que a pecuária de corte deverá realizar experiências em breve no Brasil é Rodolfo Rumpf, cientista que chefiou a equipe que fez o primeiro clone do país, o da vaca simental Vitória, em 2001, na Embrapa. Rumpf é o pesquisador- chefe da Geneal Genética, de Uberaba (MG).
“Com essa ferramenta, podemos transferir para o DNA do animal a ser modificado genes responsáveis por características associadas ao desempenho produtivo. No caso da pecuária de corte, genes que permitam ao boi ganhar peso, por exemplo, ou então que o tornem resistente a doenças e parasitas”, diz Rumpf.
Rumpf, através da Geneal, está desenvolvendo outro trabalho inovador. Ele congela as células somáticas de animais considerados excepcionais e passíveis de clonagem, que são guardadas em sete chaves e em um banco genético. “Com isso podemos eternizas alguns animais de alta performance”, afirma Rumpf, explicando que, para não haver riscos, o ideal é que o trabalho se realize com o animal vivo e saudável.
A Geneal, que entre 2009 e 2012 produziu 35 clones bovinos, tem a meta de fazer 40 clones este ano. “A profissionalização das fazendas aumentou a demanda pela tecnologia de ponta na área de reprodução animal”, diz o cientista.
Nascimento,S.”Brasil entra na era do boi transgênico”. Revista Globo Rural-abril 2013; nº 330, páginas 26-29.
Texto adaptado por: Vilela,R.N.S.
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Reunião + Confraternização 10/12/2011
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